Antony ( and the Johnsons )

( Blitz - Foto de Rita Carmo / Espanta Espíritos )


Fui vê-lo ao Coliseu porque me deram há uns tempos o seu disco “ I am a bird now ” , o qual “ primeiro estranha-se , depois entranha-se” e porque quis conhecer um pouco melhor o seu trabalho , o que valeu deveras a pena.
Em palco fez-se música , pura e simples. O som daquele grupo de músicos é incrivelmente bom , diria que perfeito. Julgo que qualquer técnico de som desejaria ter um projecto assim para trabalhar - a sensação que tive , foi que ao técnico bastava levantar o volume dos botões da mesa e já lá estava tudo em harmonia , sem ser preciso grandes misturas , equalizações e efeitos ( é claro que a arte aqui está na captação ).
Os arranjos estão muito bem feitos , dando espaço a cada instrumento , sem sobreposições. Tudo ali tem espaço para respirar e não há pressa para nada. Tudo acontece ao seu ritmo.
E o Antony , do lado esquerdo do palco , sempre ao piano , mesmo quando apenas canta. E que voz , com corpo, lhe sai do fundo da alma !
O meio do palco nunca é ocupado pelo Artista. O seu lugar é mais uma posição em palco enquadrada com os demais músicos e nos agradecimentos a postura continua a ser a mesma.
A iluminação do espectáculo é sóbria e remetida para segundo plano , a fazer valorizar o que ali interessa – a música.

Independentemente do Antony ser um personagem polémico e , como demonstrou , um verdadeiro femininista , nada disso importa , porque o que ali se viveu foi apenas pura emoção musicada e cantada.

Basta despir os preconceitos e ouvir. É lindo !