sábado, outubro 06, 2007

Frágil

Hoje faz anos o meu sobrinho Gonçalo ( parabéns ) e daqui a um mês certinho sou eu a aniversariante, só que não me apetece celebrar porra nenhuma.
Estou a passar um período dificil, de perca , de vazio... e quando começo a animar , lá vem mais uma má noticia, para abrir as feridas que pareciam fechadas.
Estou mesmo desagradável e como o sei , evito estar com os amigos , pois só gosto de estar com eles quando me sinto feliz e cheia de energia. É que não aguento momentos mais intimos ou dóceis , porque as lágrimas começam a correr-me pelo rosto , tal como de manhã ao acordar , sem qualquer razão ( talvez apenas porque de facto tenho o coração desamparado e triste ).
Estou desequilibrada emocionalmente. Estou carente de quem me deixou e de quem há-de vir . Estou cansada de ser tudo para os outros e nada para mim. E estou a fechar-me. Preciso de tempo para mim. Preciso que me deixem criar de novo asas para poder voltar a voar com alegria.
É que perder tantas pessoas importantes para mim em tão tempo, ora por um motivo ora por outro , não é mesmo nada fácil , sobretudo para quem , como eu , precisa tanto desses laços. É ter que voltar a aprender a estar sem alguns dos pilares que me fizeram chegar até aqui e é , sobretudo , ter força de vontade para continuar sem eles quando sem eles nada parece fazer sentido.

Frágil, sinto-me frágil...


Põe-me o braço no ombro
Eu preciso de alguém
Dou-me com toda a gente
Não me dou a ninguém
Frágil
Sinto-me frágil
Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar demais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais
Frágil
Sinto-me frágil
Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil
Está a saber-me mal
Este Whisky de malte
Adorava estar "in"
Mas estou-me a sentir "out"
Frágil
Sinto-me frágil
Acompanha-me a casa
Já não aguento mais
Deposita na cama
Os meus restos mortais
Frágil
Sinto-me frágil
Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil


Jorge Palma , in "Bairro do Amor " , 1989

3 comentários:

Pêndulo disse...

Ana

apesar de te conhecer apenas através dos anacrónios e de algumas pessoas que pertencem também à minha vida, sei o quão difícil é perdermos algumas das pessoas e alguns dos laços que nos mantém "à tona", e a quem nos acostumávamos a recorrer quando perante as dificuldades da vida pareciamos ir ao fundo...

é complicado continuarmos à tona... e apenas o conseguimos se começarmos a valorizar algumas pequenas coisas- um pôr do Sol, uma lua lindissima, um bocadinho com um amigo-sem grandes conversas, apenas estar...há pessoas a quem nem precisamos de dizer grande coisa, basta um olhar cumplice...

E no meio disto tudo, aprendemos a viver da melhor fora... guardar o que é bom de guardar..e apesar das perdas, ver que a nossa vida seria bem pior se não tivessemos encontrado essas pessoas e que valeu a pena...

um beijo (e esta "receita" foi a que descobri por mim, para seguir à tona, quando as minhas "bóias" rebentaram e cheguei ao fundo do fundo...)

janica disse...

eu estou aqui...!

Margarida disse...

Minha querida, para que queremos amigos, falo de AMIGOS, se não para nos ampararem nestes momentos menos bons...
Sei que nestas alturas o que menos se quer ouvir é conselhos de psicologia barata ou de atitudes a tomar... mas como, apesar da nossa curtissima e distante relação, me considero mais qeu uma mera conhecida, arrisco dizer-te: nos momentos em que perde sentido a vida, seja qual for o motivo, olha para o lado e vê o teu filhote!
Beijo grande... e eu também estou aqui!