terça-feira, junho 05, 2007

Anda por aqui enguiço

As minhas duas últimas semanas foram catastróficas. De subir paredes. De arrancar cabelos. De gritar SOCORRO !
Cheguei mesmo a ter momentos de perfeita loucura , com tanto desespero pela incapacidade de resposta para tanto que havia ( há ) para fazer.
Choro , riso. Desorientação total. E sempre tudo por fazer , por tanto que fizesse.
E já não bastavam os dias serem assim , tive ainda a preciosa ajuda de não ter acesso à net ou aos documentos do master do computador , fundamentais para poder desenvolver trabalho.
É que no meio de tudo isto , alguém entendeu que esta seria a altura indicada para mudarmos de servidor do escritório e a coisa prolongou-se por mais de uma semana...
Concluindo : só por isto , lixei toda a minha vida pessoal e continuo com o trabalho todo por fazer , tendo ainda que contar com aquele que vai surgindo todos os dias.

Para ajudar à festa , tive também dois “belos” fins de semana a remar contra a maré, para conseguir “levar um pouco de água ao meu moínho”.

No de 26 de Maio consegui , com um enorme esforço ( e quase um milagre ) fazer o concerto dos Tara em Alhandra. Todos os dias dessa semana implicaram um enorme stress para que as condições minimas para a realização do concerto fossem asseguradas. Depois das maiores dificuldades ultrapassadas , S.Pedro resolveu trazer a chuva e o vento e , acreditem, que muita da minha energia foi concentrada numa conversa com o dito santo.
E sábado não choveu ( menos mal ). Mas o vento que se fazia sentir naquele monte do Miradouro de Alhandra , que eu nunca imaginei que existisse , era aterrador . No entanto , mantive sempre a minha fé , que a coisa com a mudança de maré lá pelas 19h iria mudar. E mudou , mas mudou depois de nos levar a crer que viria aí um furacão. É que a história da mudança das marés , altera mesmo o tempo e sobretudo o vento. E nesse sábado , veio uma real tempestade súbita , mesmo sobre as 19h . Mas veio , para que a noite , apesar de gelada , fosse menos ventosa.
E o concerto fez-se com muita pica e a acabar tudo em bem , para nós e para a organização.
O dia foi ainda passado em sobressalto , pois o Mário estava doente , pelo que após o concerto nem regressei à minha cama , mas a casa da minha mãe para ficar com ele , não fosse a febre subir.
A febre não subiu e domingo ele estava bem mais animadito , mas ao sair de casa da minha mãe , recebi a “cereja no topo do bolo” – tinha a fechadura da porta oposta à do condutor forçada e o rádio/CD roubado. Remexeram-me em tudo, mas de facto só o Alpine interessou ao ladrão.
O meu filho , lá se saiu com uma das suas : Estás a ver ? Devias ter um rádio com código !
Eu devia era ter levado a tampa do rádio comigo para casa , mas o cansaço era muito e , afinal , estávamos nas Avenidas Novas !
Apesar de muito céptica , ainda me dirigi à esquadra da João Crisóstomo para apresentar queixa ( bem sei que não adianta nada ) e quis logo saber quanto tempo me iria tomar um procedimento aparentemente simples. Menos de 45m não era seguramente , segundo o guarda de serviço. Ora aquilo iria para cima dos 60m e pouco mais tempo que isso tinha para chegar a casa para ver a final da Taça de Portugal com o Mário.
Desisti da queixa. Fui para casa. O Sporting ganhou . O rapaz ficou feliz ( pelo menos uma coisa boa ).

Entretanto este fim de semana que passou , adivinhava-se bem mais agradável, quanto mais não fosse porque estaria em Paris.
Pois fui ( fomos ) bem enganada(os).
Ficámos desterrados num hotel de 3 estrelas , daqueles bem "xunga" , às portas de Paris , onde nada acontece. Estar ali ou na Damaia é exactamente a mesma coisa ou talvez até pior , pois na Damaia não teria que levar com aquela arrogância de pseudo-franceses ( e eu ainda me safo e não lhes dou grandes hípoteses de serem parvos ).
Não me quero demorar muito sobre todas as demais questões logisticas , mas só para dar uma ideia : os transportes não foram minimamente assegurados , tendo que ser partihados com outra banda , prejudicando o funcionamento de cada uma delas ( o que não foi bom para uns , nem para os outros ). Os condutores quase nunca sabiam os locais para onde nos levar : um deles queria levar-nos a Bercy em vez de nos levar ao Zénith e o último levou-nos para o terminal sul do aeroporto de Orly em vez de nos levar para o terminal Oeste ( foi por pouco que a equipa do Porto não perdeu o avião ). Sobre as refeições nem me pronuncio. Do acompanhamento , simplesmente não houve.
Valeu o facto de poder trabalhar numa sala como o Zénith ( http://www.le-zenith.com/paris/index.htm ) – é uma sala para concertos , tipo Toyota Box , mas muito bem pensada , com uma óptima acústica , bons camarins , etc ( há uma série destas salas espalhadas por França e nós por cá nem uma do género temos ! ) .
Todas as questões técnicas tinham sido asseguradas com o responsável técnico da sala , o Thierry e , a esse nível nada falhou , a não ser que a equipa que estava a montar o som ( no próprio dia para um concerto com 4 bandas ) “anhar” um bocado. Um bom bocado mesmo. Fui obrigada a sair do palco para não me passar , não os stressar mais , senão a coisa dava para o torto.
O concerto foi muito animado , com o Rei bem inspirado .
Quanto a Paris , visitei-a sempre de noite – 6ª feira para um passeio a pé desde Cité até à Madeleine , onde estivemos quase uma hora para conseguir um táxi que nos levasse ao nosso destino : Porte de Pantin. No sábado , fiquei mesmo pela esplanada ( perto da estação de Bonne Nouvelle ) , a beber a pior caipirinha da minha vida , mas a comer uma bela tosta de queijo “chévre” com tomate , pois não me apeteceu nada ir para a discoteca.
E estava mesmo desanimada. É que não ser bem recebido ou não ser de todo recebido , mexe cá com as minhas entranhas de uma maneira... e depois de lá estar , nada a fazer. Apenas conseguir levar a coisa , sem levantar grandes ondas . É claro que não pude deixar de chamar a atenção para tudo o que esteve mal , na esperança de que para o ano , quem lá for , se sinta um pouco melhor do que nós. É que um espectáculo não é apenas o som , a luz , a sala . As pessoas não são máquinas ou objectos. As pessoas sentem e há que fazê-las sentir-se bem. Eu tentei...
Uma coisa fiquei a saber : a expressão “andar de pantanas” surgiu certamente de alguém que pela “Porte de Pantin” passou e a expressão “anhar” deve ser de origem francesa ( a avaliar pelos rapazes que ligavam o palco... ).

Regressei a Lisboa doida para chegar ao “lar doce lar” e a sentir-me uma verdadeira suburbana , mas com a esperança de que esta semana teria que ser melhor. Só podia ser melhor.
Mais uma vez fui pranchada. Acordei sem água em casa . Uma conduta qualquer aqui da zona rebentou e a EPAL esteve em reparações até às 13h.
Fui trabalhar a sentir-me suburbana e mal cheirosa ( apesar da garrafa de água do luso ter servido para lavar as partes mais necessitadas ).

A lua entretanto já esteve cheia. Será que isto vai continuar assim ?

9 comentários:

valter hugo mãe disse...

olá ana, sim fui a paris, mas apenas por uma noite. voltarei lá, no entanto, já no próximo dia 18. eu adoro sempre paris. sou um romântico e foi a primeira cidade grande que visitei no estrangeiro há muitos anos. quando lá volto meço sempre o que fiz de mim. como se lá fosse prestar contas. é muito especial. e tenho um carinho muito particular por alguns lugares, que não são os mais badalados.
compreendo o que dizes da desorganização. por isso a frança está com o «sarko» que está. é uma m. das grandes. o povo está cada vez mais pobre. parece impossível. e entrar na notre dame e ver milhares de turistas lá dentro também me impressiona. sempre.
beijinho grande

Ana disse...

E encontrar Notre Dame às escuras de noite ? É ainda mais estranho :(

Pêndulo disse...

um grande beijo... sei que não deves estar muito bem... se eu estou perfeitamente zonza, nem imagino como estarás...

Nanda

Ana disse...

Vim aqui espreitar porque sabia que teria uma mensagem tua, Nanda. Precisei.
E preciso de estar com a minha dor e não consigo comunicar.
Queria , apenas , deixar-te também um beijo.

Helena disse...

quarto minguante, minha querida...*)*

Margarida disse...

Ouvi uma notícia esta manhã que me parece que te deve afectar bastante. Vim aqui apenas para te deixar a minha solidariedade. Beijinhos

valter hugo mãe disse...

ana, não sei que notícia será que falam te pode estar a afectar. mas deixo-te um beijinho, esperando que seja algo que se componha já já. de todo o modo, se precisares do ombro de um poeta careca, podes contar comigo.
fica bem.

Pêndulo disse...

realmente, Ana... parece um pesadelo do qual não conseguimos acordar...

há pessoas que deixam marcas, como a M.C. ... tatuagens grandes no lado esquerdo do peito... e como te disse já umas quantas vezes, as pessoas de quem gostamos nunca nos deixam...

um beijo grande

Ana disse...

Que raio de título dei a este post ...
Ainda dizem que não há pressentimentos...
E o post anterior falava de amigos comuns que agora estarão certamente com a Marta...