terça-feira, maio 01, 2007

De repente , há 20 anos

Hoje ao fim da tarde fui surpreendida com um telefonema que me fez voltar no tempo , 20 anos !
Era o Julinho , músico brasileiro com quem vivi uma paixão fervorosa ( e ilegitima ) em períodos dos anos de 1986/87 e inicio de 88. Paixão essa que começou no Porto e "acabou" no Rio de Janeiro.
Foi mesmo a minha última “relação” antes de começar a namorar com o pai do Mário, o Carlos ( de quem tenho tido tanta saudade nos últimos dias. Talvez porque Maio esteja aí ).
Está na Madeira para uns concertos e lá descobriu o meu telefone ( aqui há uns 10 anos também eu descobri o dele e falámo-nos , mas de novo perdemos contacto. Agora com mail , acho que nos vamos falar/escrever mais vezes ).
Não vou poder vê-lo porque já não volta a Lisboa , mas gostei mesmo de o ouvir e de saber que continua um grande safado :)
Fiquei de sorriso na cara , pois é bom sermos lembrados. É bom sentirmos que o que vivemos ficou marcado “ na alma e na pele “. Passaram duas décadas e o que passámos juntos será sempre nosso , em nós.
Sou saudosista de tanta coisa boa da minha vida , mas não fico agarrada ao passado. No entanto , não consigo nem quero ignorá-lo e gosto mesmo de guardá-lo com carinho. Quanto ao futuro , ainda está para vir , por isso cada dia que passa vivo mais o presente e o meu presente hoje foi curtir bem este carinho do Julinho e deixar-me levar no tempo...

Recordo-me de umas fotografias de nós os dois no Porto ( na Ribeira ) e no Rio de Janeiro ( na Barra ) que já não as tenho comigo ( um dia , o Carlos com os seus ataques de ciumeira , rasgou-as :( ) . Mas há pouco fui encontrar algumas fotografias dessas férias de dois meses no Brasil ( para as quais trabalhei o ano inteiro ), no período de finais de Novembro de 87 a inicio de Janeiro de 88, com menos 20 anos e menos 30 quilos :/



E recordo-me de tanta coisa...mas sobretudo de ...

Logo no dia de chegada ao Rio , fui ver um concerto do Sting no Maracaná e curiosamente o meu último dia na cidade , antes do regresso a Lisboa , foi também celebrado com um concerto dos Simply Red no Hollywood Rock , no Sambódromo.
De cada vez que me lembro que , tanto num caso como no outro , andei à boleia para voltar para casa, em Copacabana ... acho que nos dias de hoje seria impensável.



O Marcos Resende , grande amigo do Rão , que havia conhecido em Portugal , foi quem me acolheu na sua casa , junto da sua familia, durante quase dois meses ( excepção feita à semana que estive na Bahia ). Aqui há uns anos quando voltei ao Rio, julgo que em Dezembro de 2002 , consegui encontrar a casa , onde agora só vive a Adriana e encontrei-me com o Marcos que tinha, na altura, um restaurante/ bar lindissimo, no centro da cidade, “ Cais do Oriente“ ( www.caisdooriente.com.br ). Um espaço obrigatório que , pelo site, ainda existe e espero que gerido pelo Marcos.
Gostaria de ter reencontrado a Martina , filha do Marcos e da Adriana e também o Lizandro , seu vizinho, com quem passei uns belos dias de praia e um serão inesquecível a ver um filme sobre os Police num daqueles centros culturais de bairro que existem no Rio ( ele era o que os brasileiros chamam de “gato” , bem moreno , um autêntico menino do Rio ).


Na Barra , com a Martina , a Adriana e um amigo português , astrólogo ( Luis ? ).


Essa estadia no Rio foi uma verdadeira desbunda e muito desse tempo foi passado com o Julinho , é claro. Mesmo assim , tive oportunidade de estar com os amigos com quem havia trabalhado no concerto da Simone : A Marilia , o Jorjão , o Ricardo Leão e o Roberto ( com quem voltei a estar em 2002 ).
Por essa altura , o Roberto Leal organizou um concerto no Scala ( salvo erro ) para o qual convidou muitos Artistas portugueses , nomeadamente os Xutos , a Lena D’Água ( minha amiga de confidências e com quem trabalhava na época )e o Mário Laginha. Com eles curti umas belas noites na cidade maravilhosa, sobretudo a que passámos numa discoteca muito chunga , com o Mário Laginha a exibir os seus dotes de dançarino ( muito divertido ).
Passeei pela cidade , andei muito de “frescão “, comi muitos pasteis de queijo e curti muitos bares de jazz.
Um dos últimos concertos que vi foi o Chico Buarque no Canecão ( já depois de assistir ao da Elba Ramalho ) , com o concerto “Francisco” ( bem mais aquele Chico que eu gosto se compararmos com o espectáculo apresentado recentemente em Lisboa ).


No concerto do Chico , com a Adriana e o Marcos ( sempre charmoso ).


Entretanto , a minha amiga Nana com quem muitas aventuras vivi em Lisboa , sobretudo no Hot Clube , tinha regressado a casa , a Salvador e fui visitá-la , apenas por uma semana , pois eu estava com a pica toda para o Rio.




Foram dias de loucura , que se iniciaram com um convite logo na primeira noite para acompanhar a Banda Eva em dois concertos que iam fazer ao Sertão. É claro que aceitei o convite , pois era a minha única oportunidade ( o dinheiro era escasso ) de conhecer aquela região e no dia seguinte a Nana e eu lá fomos.



O primeiro espectáculo foi em Senhor do Bonfim , num trio eléctrico , onde éramos as convidadas especiais. O segundo foi em Jacobina , num campo de futebol , “às moscas “ e onde queriam pagar o cachet com vacas.
O curioso disto tudo é que o vocalista da altura era o Ricardo Chaves ( que entretanto fez carreira a solo ) e a corista uma Daniela muito querida ,que dividiu o seu quarto connosco e em casa de quem estive a festejar o aniversário do seu filhote , de regresso a Salvador.
Só anos mais tarde , já a Daniela Mercury era um sucesso em Portugal , numa viagem de Lisboa para os Açores , ao ler um jornal , é que me apercebi que a cantora famosa era a querida Daniela ( o que mais tarde foi confirmado quando de um concerto do Luis Represas com ela para o Pão de Açúcar no Rio e em S.Paulo ).

Lembro-me ainda que a passagem de ano 87/88 foi passada na Praia de Copacabana , à chuva , na companhia de um “moço” cujo nome já nem me recordo , mas que tinha conhecido em Salvador e que viera de propósito para o Rio nessa noite para me fazer companhia . Á chegada ao aeroporto foi logo roubado e ficou sem malas ! Ele era muito bem parecido , mas eu estava noutra ( e doente ) e acho que não foi um bom inicio de ano para o rapaz.

De Lisboa recebia cartas fantásticas do Neco ( o nosso querido cão, de olho verde e azul como o Bowie ), escritas pelo meu irmão Miguel, mas com saudades de todos.




Foram dois meses maravilhosos ( até hoje não voltei a conseguir mais do que 15 dias de férias seguidos ).

Foi bom ouvir-te hoje Julinho :)

1 comentário:

Nekas disse...

Ana Moitinho, admiro as tuas "pancas" de miúda, bem sabes!Mas o melhor de tudo é que continuas a mesma miúda cheia de mágicas loucuras! Adoro ler estes relatos!