quinta-feira, abril 26, 2007

25 de Abril , SEMPRE

“ ...só há liberdade a sério quando houver : a paz , o pão , habitação , saúde , edução ... “ ( Sérgio Godinho – “Liberdade” – 1974 ).


Há muitos anos que não passava a noite de 24 de Abril em Almada.
Há também já uns anos que não fazia concertos inseridos nas comemorações do 25 de Abril ( ou que pelo menos tenha dado por isso ).
E , 3ª feira , em Almada , coloquei o cravo à lapela , cantei o Grândola e , sim , 25 DE ABRIL SEMPRE.
E sempre, não só pelo derrube do regime fascista , mas por todo um sonho , um projecto no qual a geração dos meus pais acreditou com convicção. Um projecto que não existe razão para não ser possível, mas que se tem desviado do seu traçado.
33 anos depois da revolução dos cravos , vivemos num regime democrático e temos liberdade de expressão ( assim o é de uma forma genérica , embora saibamos que os politicos deturpam sempre estes principios , sendo a nossa democracia e a nossa liberdade tantas vezes ilusória ) e houve tanta gente que lutou para que isso fosse possível !
Em Almada estive no palco ao lado de algumas dessas pessoas . E admirei-as.
Admirei-as com muito respeito e carinho porque nos seus olhos senti a dor , as amarguras de outros tempos. Porque nos seus olhos senti a tristeza de saberem que o rumo que este país levou não foi bem aquele que, na força da sua idade, idealizaram .Mas , sobretudo , porque nos seus olhos senti a esperança e garra de que Abril se concretizará em pleno um dia.
33 anos mais tarde , estas pessoas continuam juntas a defender valores e principios nos quais acreditam . E sentir o Povo Unido tal como no primeiro 1º de Maio , nem que seja só por uns instantes , é algo de arrepiante. Recordo-me que nessa altura ninguém se manifestava nas ruas por este ou aquele partido. As pessoas estavam unidas pela intenção de acabar com um regime que durante quase meio século as sufocou e que , por fim , deixou tantos orfãos de pai ( muitos desses filhos condenados pela toxicodependência ).

E , o trabalho de produção , foi uma espécie de Povo Unido ou , pelo menos , eu senti assim :)

1 comentário:

Margarida disse...

Um cravo à lapela sempre!
Pela luta dos nossos pais que permitiu a existência das nossas lutas e pelas lutas futuras dos nossos filhos que apesar de tudo já podem lutar!
Beijiho sempre