quarta-feira, março 28, 2007

Alcochete

É na margem Sul do Tejo, próximo da Reserva Natural do Estuário do Tejo, que vamos encontrar a castiça vila de Alcochete. As condições proporcionadas pelas margens do rio explicam a existência dos salineiros e a acentuada proximidade do Ribatejo, justifica a presença dos campinos e dos forcados. Ligada à criação de gado bravo estão as tradicionais touradas e largadas de touros que, nas festas de Verão, especialmente nas do Barrete Verde e das Salinas, obrigam quem anda nas ruas a fugir do animal. O topónimo "Alcochete" parece derivar de uma expressão árabe que significa "forno", remetendo para os numerosos fornos que existiam na região. Esta hipótese levanta a possibilidade da fundação da povoação ter sido entre os séculos VII e IX, depois da conquista árabe de Lisboa. Após a fundação da nacionalidade, foram vários os reis que deram importância a Alcochete. D. João I e D. João II passaram ali longas temporadas de repouso e de lazer e o infante D. Fernando (irmão de D. Afonso V) chegou mesmo a estabelecer ali a sua residência, na qual viria a nascer o futuro rei D. Manuel, em 1469. Nos séculos XVII e XVIII verificou-se um desenvolvimento da exploração do sal e do negócio da lenha. O concelho foi extinto em 1895 e restaurado três anos depois.
Texto do site www.solaresdeportugal.pt
Fotos ( tiradas da net ) de Dias dos Reis.







Agora mais próxima de Lisboa , pela ponte Vasco da Gama , esta antiga vila de campinos e salinas , situada na reserva natural do estuário do Tejo , tem vindo a crescer a olhos vistos . No entanto , é bom chegar a Alcochete e observar que tem havido algum cuidado na preservação da vila antiga e das praias fluviais ( embora considere que toda esta zona junto ao rio merece uma restruturação a fundo para aproveitamento de espaços pedonais e de lazer em áreas que estão ao abandono e que espero que não corram o risco de ser ocupadas com a construção de vivendas ou apartamentos ).
Muito de vez em quando , passo a ponte e vou com o Mário até ao lado de lá aproveitar uma tarde de sol , numa das esplanadas junto ao rio , com uma vista invejável sobre Lisboa. Curiosamente , nunca esperei pelo fim do dia , pelo pôr do sol , mas esse será o próximo passo , a par de outros , como o de fazer um passeio no barco Alcatejo e ficar a conhecer melhor algumas preciosidades da zona que ainda não explorei , apesar de estar aqui tão perto.

E sábado fui até Alcochete para , finalmente , apresentar o concerto acústico da Mafalda no Forum Cultural ( um espaço construído de raíz , mesmo ao lado de um barracão abandonado, onde noutros tempos se fazia a seca do peixe e onde teria sido certamente construído um Centro Cultural , se estivéssemos a falar de qualquer outro país da Europa ) , inaugurado há apenas dois anos , com lotação para cerca de 400 pessoas.


O espectáculo foi a primeira iniciativa de cariz público do movimento Pur(o) Alcochete , que pretende criar programas de acção social no concelho , tendo o concerto tido um cariz de beneficência.
Pude acompanhar de perto a “luta” deste movimento para que o concerto se tornasse uma realidade e fiquei muito feliz pelo facto do auditório estar cheio , mesmo em noite de futebol, com a selecção nacional a vencer a Bélgica por 4-0.
Foi um dia sem pressas ( com um belo almoço de peixe no Arrastão ) , com os trabalhos a decorrer na normalidade e sempre com a Tânia e a Teresa preocupadas para que nada falhasse . Foi tudo garantido ao pormenor e com um enorme empenho , até mesmo o catering fabuloso e o restaurante escolhido para o jantar – Alcaxete – um antigo lagar de azeite ( desculpem lá o mau feitio com as enguias , mas eu só gosto delas mesmo fininhas e estaladiças).

E todos nós esperávamos muito por este concerto , pois tem sido uma opção a não realização de espectáculos por motivos que se prendem com outros projectos que têm vindo a ser trabalhados , mas que a certa altura precisamos destes momentos com o público , não haja dúvidas que precisamos. E no meu caso em particular , não posso esconder que adoro estes espectáculos da Mafalda , de formato mais acústico , pensados para salas , pois é aqui que as músicas respiram e as palavras ganham ainda mais força. É aqui que temos tempo para parar , deixarmo-nos ir e sentirmo-nos ( a nós próprios e uns aos outros ).
E este foi um desses concertos ( que por muito que não queira repetir este termo , tenho que o fazer ) de partilha , em que a emoção sai do palco para a plateia e da plateia para o palco.
E são noites assim que nos fazem voltar a casa com o coração cheio e um sorriso de orelha a orelha.
E não faltaram as flores , que são lindas e que encheram a minha sala de cor , junto com a prenda da Páscoa do Mário :)

2 comentários:

maria disse...

foi bom mesmo, foi assim quentinho, não foi? :) ainda bem que foi aqui tão perto e obrigada por te teres lembrado disso e de mim ;) Não queria ter perdido aquilo por nada deste mundo! Foi um regresso a casa...

Unknown disse...

OBRIGADA!!! Adorei a viagem que fiz nesse dia. As pessoas, as letras a atmosfera e o nervosismo de quem se vê pela primeira vez nestas "andanças". Mais uma vez Ana, obrigada!