sexta-feira, dezembro 01, 2006

Avó Adelaide ( 1/12/1889 – 31/4/1979 )



HOJE o dia será sempre da avó.

Pode-se festejar a restauração da nacionalidade , pode-se sensibilizar o mundo para uma doença da qual nunca ouviu falar , a Sida , mas eu comemoro sempre a sua pessoa.
Essa mulher linda , vaidosa , teimosa , mas sobretudo apaixonada.

Para além de minha avó , era minha madrinha e eu tinha uma adoração profunda por si . Foram quase 13 anos de convivio , que apesar de longíquos , conservo as memórias desses tempos bem dentro de mim e sempre presentes. E é incrivel como preservo a memória do seu cheiro , que ainda há bem pouco tempo sentia em coisas que eram suas e que guardo com toda a estima.
Adorava a cor lilás e , talvez por isso ,foi a cor que adoptei na minha adolescência.
Mas a sua intuição era tremenda. Ainda hoje penso como pressentiu uma quimica “pecaminosa” entre mim e ... sabe bem quem , muito antes de nós próprios nos apercebermos dela . Na altura julguei que fosse um disparate da idade , mas não era nenhum disparate , era sabedoria da idade. A atracção deu-se uns tempos mais tarde (a avó já não estava entre nós ) e apesar da tentação , conseguimos evitar a consumação de uma relação de alguma forma insestuosa ( alguém lá em cima olhou por nós ).
Da sua vida pessoal apenas sabia que tinha casado duas vezes com o meu avô Carlos que nunca cheguei a conhecer , com quem teve três filhos logo no primeiro casamento : o meu pai , o Tio Fernando e a pequena Helena que faleceu muito novinha.
Sabia que entre os dois casamentos com o meu avô ( o segundo a pedido dos filhos, uma vez que ambos estavam viúvos dos segundos cônjuges ) tinha casado com o Dr. Abel Brandão , mas só há bem pouco tempo e numa conversa quase que improvável com o meu pai , é que me apercebi da importância desse homem na sua vida.
A ideia que eu tinha da avó é que tinha sido uma mulher muito à frente na sua época por ter tido a coragem de se separar do pai dos seus filhos para viver com o homem que amava. Mas a avó não só deixou o pai dos seus filhos , como teve que deixar os próprios filhos. E não consigo sequer imaginar a dor que terá sido para si . Admiro-a ainda mais pelo que deve ter sofrido para ter direito a ser feliz com o grande amor da sua vida , para ter direito a ser Mulher.

Quando eu nasci , já a avó tinha vivido a sua felicidade e era de novo viúva.
Era a avó de todos . A matriarca da familia , já numerosa por sinal.
Acolhia-nos na sua casa maravilhosa da João XXI , onde no dia 1 de Dezembro lá nos juntavámos todos :)





Tenho pena do futuro que não pudemos viver.O tempo que me permitiria tratá-la por TU.

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