Num ritual de familia , 5ª feira , estive na Arrábida com a mãe , o Mário e a Natacha, numa visita breve , pois havia que voltar a Lisboa para ainda ir trabalhar.
Chegar à Arrábida não foi tarefa fácil , pois resolvi ir por Setúbal ( porque foi aí que eu fui feita :) ) , sem saber que o troço de estrada que liga o Outão à Figueirinha estava fechado. Foi preciso dar a volta toda à serra para chegarmos ao Portinho da Arrábida , o que foi para todos nós uma profunda decepção.
É um aperto no peito ver no que se transformou a Serra da Arrábida – devastada pelos incêndios e , sobretudo , pelas pedreiras ( cada vez maiores) e por um abandono que se avista a cada pedaço de lixo que encontramos no chão.
É incompreensível passar na Av. Luisa Tody e avistar um palco(?) que para pouco ou nada parece servir , ter ideia do dinheiro gasto na sua construção , dinheiro esse que poderia ter sido usado para ajudar um pouco na recuperação da Serra da Arrábida.
Como é possível a Câmara de Setúbal e o Estado Português permitirem a degradação da Arrábida de uma forma tão brutal , sobretudo nos últimos três anos ?
Já há muito que constato que todos os lindos recantos deste nosso Portugal estão condenados aos interesses económicos , transformando-se em locais incaracteristicos , onde impera a pimbalhice , a ignorância ou a ambição desmedida de quem apenas se preocupa com o seu bem estar no presente , ignorando o futuro.
Desenvolvimento não é sinónimo de construção massiva. Desenvolvimento é PRESERVAR com inteligência, o que significa recuperar a nossa história , sendo parte participativa da mesma. Mas não , cada vez mais se destróiem áreas protegidas para depois se poder construir desenfreadamente ou para criar pequenos paraísos aos quais muito pouca gente terá acesso.
De regresso a Lisboa , passando por Azeitão ( para comprar SSSS que eu adoro e tortas para os colegas do escritório ) , o choque continuou... é só cimento , novas construções no meio de outras tantas já degradadas e deixadas ao abandono ... as margens do Rio Tejo , outrora belas vilas de pescadores são hoje zonas industriais coladas umas às outras , não se avistando uma zona verde ou azul que seja... Que país é este ????
A viagem à Arrábida valeu por estarmos juntos por algumas horas , num dia em que tal não seria, à partida , possível.
Valeu por nos sentirmos uns aos outros e pela saudade que existe em cada um de nós.
O meu amigo Júnior juntou-se a nós ao almoço e foi bom ter a sua companhia. O Fernando ligou de Bragança a informar que seguia no expresso uma encomenda de alheiras caseiras acabadinhas de fazer.
Coisas simples que nos trazem alegria. Tão simples quanto aquela serra agraciada, que agora nos querem roubar.
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3 comentários:
Olá Ana!
Nem a propósito,ando há algum tempo a pensar num post sobre as pedreiras, ali para o blog da terra ;). Questões legais, ambientais e até económicas.
Fica prometido uma investigaçãozinha.
O meu comentário ao post anterior também se aplica a este...
Apesar de achar a Arrábida incomparavelmente mais bonita que Sesimbra (onde também, volta e meia, vou dar um passeio), nesta vila é também possível assistir ao tipo de construções que nos últimos anos têm "crescido", nomeadamente, um apart-hotel, ou lá que raio aquilo é, em cima (literalmente) do areal e da falésia...
O mesmo se aplica à Ericeira, etc, etc... Neste último caso, o respectivo presidente de câmara usa dos dinheiros públicos para, veladamente, através de uma publicação da câmara, em vesperas de eleições autárquicas, fazer campanha dos seus feitos e do "progresso" que ele trouxe para o concelho de Mafra. De que vale o progresso quando a paisagem natural, motivo pela qual determinadas locais se tornaram tão aprazíveis, atraentes e porventura 'míticos' (sendo por esse motivo que cativam os turistas), vai sendo gradualmente destruida?...
Consta que a Costa Vicentina, talvez o último reduto da costa portuguesa que ainda resiste incólume à "fúria do betão", também já tem a sua sentença de condenação assinada :-(
Tiago , não julgo que falte assim tanto para darem cabo da Costa Vicentina , aliás não falta assim tanto para darem cabo de toda a costa portuguesa... por isso é que nos últimos anos me tenho refugiado nos Açores ( vamos lá ver quanto tempo mais sobrevivem... ) .
João , fico à espera dessa investigação :/
Beijos para os dois.
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