Anacrónios: Revelar negativos sem saber o que são ...

... dá nisto ...

Estas são da minha fase “freak” , no jardim da Gulbenkian . O que eu penei para arranjar aquela mala na Feira da Ladra !

A primeira é com a minha amiga Rosário Mira. A segunda é com um amigo que nunca foi namorado , mas é incrível não me lembrar do nome dele. E a terceira sou apenas eu.

Quando fui levantar as fotografias , o funcionário da loja fez um comentário que me fez viajar no tempo , nos hábitos e nos costumes ... “ estas são do seu tempo de escuteira , com lencinho ...” . Qual tempo de escuteira qual quê! Nunca fui escuteira , nem nunca pertenci a nenhum grupo organizado. Eu andava na minha e o lencinho tem uma história. E o meu tempo é hoje também.

Naquela época em que ainda não se ouvia falar de globalização , um lencinho daqueles era muito difícil de encontrar em Portugal e o meu foi-me oferecido por um alemão muito “freak” que conheci no parque de campismo de Lagos. Chamava-se Jesus e fazia colares para vender. Usei o lenço que ele me deu até mais que apodrecer , até a minha mãe o deitar para o lixo . Juntamente com o lenço , o Jesus também me deu um frasquinho de essência de patcholi e esse guardo-o até hoje :)
Nesse mesmo verão eu andava delirante com as camisas ( às riscas e de tecido desengomado ) dos meus amigos alemães , austríacos ... até que num tanque de lavar roupa , também no parque de campismo , encontrei uma camisa “abandonada” porque tinha um rasgão. Isso não foi problema para mim. Lavei-a e cosi-a e foi mais uma daquelas coisas que andou comigo até apodrecer e a minha mãe deitar para o lixo !
Isto levou-me a pensar numa altura em que para se ter determinadas coisas era preciso fazer por isso e querê-las de facto muito. Viajar para algum lado significava de facto conhecer uma cultura diferente.Tudo tinha um sabor especial e uma identidade. Tenho saudades disso.

Já não tenho tantas saudades das socas e meias vermelhas até ao joelho :/, mas tudo o que vivi nesses tempos serve-me de consolo ainda hoje.