Ia apreensiva ( como vou para quase todas as feiras ) porque entretanto disseram-me que havia muito pó , cheirava muito a cavalo e a afluência de público era pouca , pois assim foi no sábado e domingo porque esteve a chover , o que implicou inclusive o cancelamento da tourada e a debandada de grande parte dos feirantes.
Desta vez , chegámos ao nosso destino um pouco mais tarde que o habitual e fomos directamente para o restaurante aconselhado pelo amigo Xico , onde acabámos por jantar também , por especial favor do proprietário que abriu o mesmo só para a nossa equipa de trabalho. Foi uma desilusão estar no Alentejo e não poder usufruir da excelente gastronomia local , porque ali não há restaurantes do género :( ( ou , pelo menos , por ali perto , pois tendo em conta os nossos horários de trabalho , não nos podemos arriscar a fazer quilómetros para ir jantar – e Évora ali ao lado !).
Depois disso , em vez de uma sesta à sombra da azinheira , deslocamo-nos para o local do concerto porque havia que trabalhar. Foi preciso sair do centro de Viana do Alentejo e seguir a direcção do Santuário Nossa Senhora D’Aires e eis que de repente estamos numa imensa propriedade , tipicamente alentejana , com uma igreja ( bem bonita ) edificada ali mesmo no meio , à volta da qual se realiza a feira , por aquela altura já com poucas bancas ( o Tiago bem queria uns chinelos , mas nada ) , tendo sido deixado no seu lugar um rasto de lixo, muito lixo. Valeu a tenda das tasquinhas , montada ao lado da do recinto do concerto ( também uma tenda , com as condições essenciais para se trabalhar ) , onde ainda comprei uns queijinhos e uns belos enchidos :/ ( e a Lena lá arranjou o “panito” ).
Da voltinha pela feira , na companhia da Lena e do Tiago , foi mesmo a igreja que me prendeu a atenção , mas estava fechada ! Não a podendo visitar , restou-me ficar atenta a tudo o mais que me poderia chamar a atenção e fazer ignorar aquele descampado por onde tinha passado a “procissão” de feirantes.
A noite chegou e a hora do concerto também. Ao contrário dos outros dias , o recinto estava até bastante composto , sobretudo com um público muito jovem e entusiasta ( talvez até demasiado ) , a contrariar o público habitual do Alentejo ( atento , mas sem grandes manifestações sobre o que lhe vai na alma ) , levando a crer que estaríamos em Viana do Castelo :/
A todos os que “lutaram” pela contratação deste espectáculo , o meu obrigada por não cruzarem os braços e não cederem ao facilitismo da não cultura , instaurada neste nosso Portugal , Portugal. Não é fácil realizar determinados concertos nestes espaços ( e o da Mafalda é um dos casos ) , mas também faz parte do nosso trabalho enfrentar adversidades e conseguir levar a um evento deste tipo um concerto com o rigor artístico e técnico exigido ,por exemplo , por um público de salas.
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