terça-feira, junho 10, 2008

Sobre a vida, que se vai levando...

Tenho tido muito sobre o que contar aqui , mas não tenho conseguido , porque os dias têm sido demasiado curtos ( momentos e histórias que hão-de ficar por aqui , um dia ).

Mas , hoje , aqui , quero expressar o quanto tem sido importante , para mim , sentir o carinho e o conforto de alguns amigos que nunca perdi , mas que, por razões da vida , têm estado ausentes da minha vida presente.

E hoje , mais que nunca , preciso desses amigos , testemunhos de um passado , de um caminho que me ajudaram a construir. E preciso deles porque de cada vez que alguém próximo de mim morre , é um como um arrancar de uma parte importante da minha razão de existir e instala-se um vazio e uma solidão que são impossíveis de traduzir em palavras porque são muito cá de dentro.

Passar pela vida não é vida. As marcas que deixamos uns nos outros é que importam e essas têm de ser as melhores possíveis e quando deixamos de ter tempo para nos tatuarmos nos outros , que sentido faz tudo isto ?

Sábado fez um ano que a Marta morreu. E foi difícil acordar , sair da cama e encarar mais um dia sem a sua forte e importante presença .

E por tudo isto , domingo fez-me tão bem estar com vocês , Mafalda e Miguel. Foi como reencontrar-me um pouco e abanar o turbilhão de tristezas e angústias que se vai acumulando para lá do coração , onde já não cabem (e libertei , por fim , as lágrimas que não tenho chorado ) . É que eu ando perdida nesta azáfama de vida que não leva a coisa alguma e SEI que é o momento de entender em mim , como voltar a disfrutar de tanta coisa boa , mas sobretudo do que podemos dar-nos uns aos outros , do que podemos ser uns para os outros , do que podemos apenas SER e que deixamos de SER porque o tempo ( quase ) só chega para cumprir com os compromissos profissionais e com as responsablidades que assumimos como um porta estandarte.

E hoje , foi bom chegar ao meu mail e ler as tuas mensagens João. Tenho muitas saudades do que fomos , apesar do que o que fomos estar cá , tal como a " Cantiga da Ana" , que já não a tenho escrita em papel , nem sequer registada em cassete , mas que está gravada na minha memória , pelo menos uma boa parte dela. Um destes dias ( se tiver de esperar até aos sessenta , que seja ) , gostava de a ouvir , tocada naquele velho piano vertical ou em qualquer outro piano ...

Tenho que abrandar o ritmo para me voltar a encontrar e é bom saber que vocês estão aí :)

1 comentário:

Pêndulo disse...

:)

há bastante tempo que não passava por aqui (sinal que o tempo tem sido curto para tudo o que gosto).

curiosamente, pela altura em que escreveste este post, eu andava num balanço de vida... e o resultado foi exactamente este: "Passar pela vida não é vida. As marcas que deixamos uns nos outros é que importam e essas têm de ser as melhores possíveis e quando deixamos de ter tempo para nos tatuarmos nos outros , que sentido faz tudo isto ?"

E há pessoas que deixam marcas boas e tão profundas que se irão perpetuar enquanto vivermos... pessoas como a Marta...

um beijo