sábado, dezembro 01, 2007

Paco de Lucía – 25 anos mais tarde


Há sempre um ou dois concertos por ano , daqueles que considero mesmo especiais e que me fazem sair do descanso do sofá depois de um dia de trabalho. Daqueles para os quais até pago o bilhete , mesmo que o seu valor esteja acima do desejável para o lugar atribuído.
Ontem não podia de forma alguma perder o concerto do Paco de Lucía no Campo Pequeno , mesmo que hoje em dia os músicos que o acompanham já não sejam os mesmos que me deixaram “encantada” , há mais de 25 anos no Coliseu dos Recreios em Lisboa.
Mas o Paco continua a ser um grande mestre da guitarra , um homem intenso , mesmo que de poucas palavras.
Gostei de o ir ver e ouvir . Não gostei tanto do grupo que o acompanhou , que em nada se compara ao de outros tempos. São músicos que cumprem e deixam brilhar o Mestre. Tudo estaria bem se ficassem limitados ao que sabem de facto tocar, mas os solos de baixo , flauta e percussão deixaram tanto a desejar... eu só pensava “ toquem o que sabem , não o que não sabem “. Reconheço que não deve ser fácil substituir músicos como o Carles Benavent , o Jorge Pardo e o Rubem Dantas , mas impossível mesmo é tentar fazer o mesmo que eles !
Desta vez , o Paco não veio acompanhado do seu irmão “cantador” , mas sim de duas vozes femininas que , embora , não excepcionais , têm alma cigana com “gostinho” árabe. É que estas coisas do flamenco e do fado não podem nunca estar apartadas das raízes árabes da Ibéria.
O espectáculo , com plantas de fundo como cenário , contou ainda com um intervalo, para os mais viciados poderem fumar o seu cigarrinho e foi também uma forma de dividir o espectáculo numa primeira parte mais intimista e uma segunda parte com ritmos mais intensos.
Soube bem sair de casa , na companhia do André ( cúmplice de outros tempos ) e da Mafalda para ouvir este grande senhor do flamenco . No entanto , no meu coração ficará para sempre aquele primeiro concerto no Coliseu , a 1 de Abril de 1983.

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