terça-feira, agosto 14, 2007

De volta ao reboliço

Já lá vão 8 dias que estou pelo Continente , longe da tranquilidade das férias e daqueles dias ( sempre tão especiais e únicos ) no Pico.
Tranquilidade , é mesmo uma palavra que não cabe no meu vocabulário , aqui por estas bandas. Ora vejamos :

Cheguei 2ª feira à noite . A inha foi buscar-me ao aeroporto ( mas que caos ! ) e cerca das 24h estava em casa , aquele cantinho tão nosso e que nos traz sempre aquele conforto. Mas casa é coisa da qual não tenho usufruido desde que cheguei. Tenho passado por cá um ou outro dia e nunca mais de meia dúzia de horas, contando que 95% desse tempo é para dormir. Já sinto saudades daqueles dias de Outono , com tempo para ficar em casa de volta das minhas tralhas ( que se acumulam na mesa da sala ) e para namorar um pouco , à tarde , como eu tanto gosto. Por outro lado , o facto de andar de um lado para o outro como uma autêntica nómada ( que é como me sinto ) , não me faz pensar demasiado no vazio que sinto por não ter o ombro do Luis à minha espera e , sobretudo , por não saber se poderei voltar a contar com ele , mas este é outro assunto. Vamos lá ao resto da semana.

3ª feira foi dia de escritório e supostamente de um serão que não tive coragem de fazer. É que a última noitada de trabalho antes de ir de férias , na madrugada do voo , custou-me caro. Logo depois de ter deixado o post com a fotografia do Pico , desliguei o computador e procurei a chave do carro para ir a casa fazer as malas , buscar o Mário e estar no aeroporto às 8h para o “check in”. Eram 6h da manhã ! Acabei por fazer tudo , menos levar o carro para casa e a roupa engomada que tinha ido buscar à Maria do Ceú para levar bem engomadinha para as férias. Sim , mais uma vez fechei o carro com a chave lá dentro e não tenho chave suplente , pois perdia-a, para aí , há uns dois meses. Tive que recorrer ao Farron para me abrir o carro , especialidade que ele está a tirar , visto que esta não é a primeira vez que isto acontece ( nem será a última , se bem me conheço ) . Maldito problema com chaves ! Obrigada Farron. Estou a dever-te um pequeno almoço , bem sei.

4ª feira foi dia de voltar à estrada e a uma terra onde tinha estado com o Abrunhosa em 2004 e que não me tinha deixado nenhuma saudade – OLEIROS . Foi um belo baptismo de volta ao trabalho e aos verdadeiros concertos de verão , daqueles que pautam pela “qualidade” , pela “boa onda” , enfim ...
Oleiros fica no meio de uma serra e para lá chegar desde Pedrógão é sempre curva contra curva. Talvez bonito para quem está a passear , mas violento para quem vai trabalhar. Depois , é uma terra onde o hotel mais próximo dista 40km , o que equivale a quase 60m de caminho e se quisermos comer bem e sossegados também não será ali que resolvemos o problema. A ajudar à festa , irrita-me que passados 3 anos continue tudo na mesma , isto no que se refere ao palco. É que o palco é aparentemente bom , porque até tem umas boas dimensões , é coberto , etc. A verdade é que é tudo uma ilusão e só pelo facto de estar mal montado. Quando lá estive com o Abrunhosa , uma das abas de PA cedeu , pois os travamentos não existiam ou estavam em péssimo estado, tal como estavam de novo este ano ( logo que consiga colocar as fotos do telemóvel no computador , farei um post sobre o assunto ). Disseram-me que iria encontrar outro palco e até poderia ser outro palco , mas a merda era a mesma. Fiquei logo danada , ainda para mais quando o Sr. Vereador tem o desplante de me dizer que a aba de PA tinha cedido por termos atirado com o equipamento para cima dela de qualquer forma , quando a verdade de tudo isto é que em 2004 montámos o PA nas abas do palco , não voado e estas não estavam , simplesmente , preparadas para suportar tanto peso , tal como agora não estavam , mas o PA era voado em estruturas próprias ( menos mal ) . Depois desta conversa de treta , a minha vontade foi bazar dali , mas havia um concerto para fazer , pelo que resolvi ligar ao responsável pelo palco ( sobre quem falei aqui em Setembro do ano passado , depois de um concerto com o João Pedro Pais também numa bela localidade).Constatei que o (ir)responsável tinha passado o serviço a um segundo que por sua vez passou a um terceiro , pessoa que obriguei a deslocar-se ao local para reforçar alguns pontos de segurança do palco . É que é tramado ser responsável por toda uma equipa de trabalho e estar com o coração nas mãos , sabendo que há sempre a possibilidade de algo mau acontecer ( e depois nunca se apuram responsabilidades ) . Os “senhores” do palco tiveram até a lata de me dizer que o ano passado este tinha abatido com os Santa Maria ! Ai a minha vida ! É desta que este palco vai ser denunciado , tem de ser. Não dá para andar a arriscar a vida , assim...
O espectáculo lá se fez para um público muito estranho , mas nós tentámos tirar proveito de estarmos juntos para curtirmos o mais possível , sobretudo porque o Rei, apesar de ter ficado mal disposto com tanta curva , estava com um humor especialmente picante ( fez uma rábula com o anúncio de televisão do Scolari para a CGD que nem me atrevo a repetir ).
E porque não fazia sentido fazer 60m de caminho até ao hotel ( onde jantámos bem e em paz ) , regressámos todos a casa , eram cerca das 6h da manhã.

5ª feira só fui trabalhar à tarde e com o ânimo já em baixo de forma , com a realidade do País ...

6ª feira , a minha mãe veio buscar o Mário de manhã cedo para o levar uns dias até à Aldeia , onde estarão , em sossego , até amanhã. Fui para o escritório e às 16h05m apanhei o comboio para Braga , onde me esperava a Guida para me levar até Cerveira , onde actuou o “Lado a Lado” nos jardins das piscinas municipais, o mesmo espaço onde estive o ano passado com os GNR.
Há muito que não andava de comboio , mas o mais engraçado é que sempre que falava nesta viagem só conseguia pronunciar as palavras avião e barco . É que comboio não faz parte do vocabulário picoense e eu ainda andava meia perdida pela montanha do Pico.
Comprei bilhete em 1ª classe e lá fui eu. Os telefonemas não paravam , assim como os cortes de rede , pelo que desisti e desliguei os telefones. Pus-me a ler um pouco e acabei por adormecer , embalada pela conversa tão “interessante” do meu vizinho de trás , um actor novo da nossa praça , cujo nome não interessa aqui revelar.
A Guida esperava por mim com os olhos a brilhar , não por me ver , mas porque tinha entrado de férias :) A primeira paragem foi na Estalagem da Boega , onde a tradição de tocar o sino para o jantar é sagrada e há-de quem queira quebrar tal tradição ! O jantar estava naturalmente bom ou não fosse a comida mesmo caseira. Há cerca de uns 11 anos passei por lá com o Luis , de passagem para a Galiza . É um belo sitio para namorar , descansar ... e até tem quarto dos noivos !
O espectáculo começou pouco depois das 22h . Correu bem , mas já fizemos uns ajustes para o próximo , pois a ideia é sempre melhorar.
O Jorge foi até lá com a Ana e os miúdos mais pequenos ( gostei da visita :) ) e eu dei um grande trambolhão de joelhos para justificar a existência de uma ambulância e enfermeiros no local . Água oxigenada e betadine para tratar dos meus dois joelhos bem esfoladinhos , como acontecia quando era pequena. Sim , para as más línguas , eu queria era mostrar as pernas aos moços :/
A noitada foi na casa da Guida , junto às estrelas , onde se está tão bem que foi dificil o acordar , não é Ju ?
Mas soube bem a broa com manteiga e ouvir músicas novas , porque faz parte.


Sábado. A Ju deu-me boleia, depois de ter madrugado por minha causa .
Regresso à feirola , mais feirola , mas com menos chatices logisticas ( apesar de termos tido que adaptar o projecto de luz por causa das dimensões do palco e de ter batalhado muito para que cobrissem devidamente as abas do palco e nos dessem manga plástica , pois ainda acabou por chuviscar ).
No palco ao lado cantava-se , entre tantas outras músicas do género “ ajoelhou , vai ter que rezar “ , o que não é suposto fazer parte ...
Cansada e sem ânimo ( é que estas verbenas dão cabo de mim ) , não regressei para Lisboa , mas sim para o Porto e havia que desanuviar um pouco , pelo que liguei ao meu amigo Fernando e fomos beber um copo de branco e conversar um pouco a um espaço que tem dois meses , que eu não conhecia e que adorei : A Casa do Livro , perto da Torre dos Clérigos. Recomendo para quem queira fugir a grandes barulheiras.
E a noite virou de novo madrugada.

Domingo. “Um porto de fado” na Casa da Música , no espaço ao ar livre . Concerto com Raquel Tavares e Carlos do Carmo. O regresso à civilização !
Gostei muito de trabalhar com a Tatiana , o Dário , o Eliseu e de conhecer a Lena , road manager da Raquel Tavares.
O Carlos do Carmo , que ainda o ano passado actuara no grande auditório da Casa da Música , apresentou um espectáculo diferente , no qual interpretou os 12 novos fados ( fados tradicionais com letras de escritores e outros intlectuais que nunca haviam escrito para fado ) que integram o seu novo disco a editar no próximo mês de Novembro. O concerto teve inicio com uma conversa com o público , explicando o espectáculo que iria apresentar . A cada 3 fados novos , Carlos do Carmo cantou um conhecido do público. Foi para mim uma enorme alegria presenciar todo o carinho com que o público do Porto acolheu Carlos do Carmo e os seus novos e os seus velhos fados.
Foi bonito de se viver e por isso o convivio nos camarins durou quase tanto tempo quanto a desmontagem dos equipamentos. Estava-se bem , mas havia que regressar a Lisboa. De novo , já de manhã.

2ª feira ( uma semana depois da primeira ) . A manhã foi para descansar e depois mais um dia de escritório , com noitada que vai acabar aqui , pois dentro de poucas horas estarei de novo na estrada , a caminho de Figueira de Castelo Rodrigo , que é mesmo aqui ao lado :/
E hoje tive duas surpresas :
- Em Janeiro de 2006 escrevi um post “ Tenho saudades” sobre a minha infância em S.Domingos de Carmões e por causa do mesmo , hoje , passados mais de 25 anos , falei com a Matilde , com quem espero poder estar logo que me seja possível. A net tem destas coisas . Carlos , ainda bem que pesquisaste o nome de Soeiro Cunhado. Espero que ainda haja por lá boas cerejas :)
- E a Fátima ( de Macau ) ligou-me e perspectiva-se um jantar para a próxima 6ª feira , também com o Michel , a Gigi , a Anabela , enfim... um pouco de Macau aqui tão perto. Só isso , já sabe bem ( não são precisos os dióspiros secos que só devem existir lá para Outubro . Mas que sabiam bem , sabiam ).

1 comentário:

Margarida disse...

Já pensaste em escrever um livro? Assim baseado nas tuas histórias... os teus posts lêem-se como se lê um livro, e apetece sempre ler mais!
E... também é bom ir tendo umas noticias tuas. Beijinhos