quarta-feira, junho 27, 2007

“Satisfaction”

Há 17 anos entrei no antigo estádio de Alvalade para , finalmente , assistir a um concerto dos Rolling Stones , já que nunca tivera oportunidade de me deslocar a Madrid com os meus amigos dos Olivais para os ver , enquanto era adolescente. Estava grávida de 4 meses do Mário e foi um sarilho convencer o Carlos a “deixar-me” ir. Foi uma emoção , ainda para mais porque tocaram bastantes canções que eu esperava ouvir.



Entretanto os Stones voltaram a Portugal por diversas vezes e eu , talvez por receio de apagar da minha memória aquele “meu” concerto da banda , não quis voltar a ver nenhum outro dos seus espectáculos. Quando estiveram em Coimbra , ainda comprei bilhetes , mas o Mário adoeceu e eu acabei por não ir. Depois , nem sei , mas não tive aquela vontade de voltar a ver os Rolling Stones.
Mas de repente , entendi que esta era a altura do Mário assistir a um concerto dos míticos Stones. E com a ajuda do Luis e do Jorge , lá arranjei dois convites assim de repente e fui com o Mário até Alvalade.
Ultrapassadas as habituais dificuldades com o estacionamento , com os lugares , etc , um dos seguranças levou-nos para uma bancada meio vazia , onde acabámos por ficar ao lado de amigos e dos filhotes da Marta ( que estiveram sempre sobre a alçada do “tio” Zé Pedro ) . Uma coincidência . Um conforto.


O concerto teve inicio com uma explosão e apesar do mau som que chegava à bancada onde nos encontravámos , arrepiei-me toda logo no primeiro acorde e deixei-me levar por tudo o que os Stones representam ( mesmo que entre eles mal se falem ).
Vieram acompanhados por uma série de outros músicos , alguns dos quais quase ocultos e fundamentais ( como era o caso do guitarrista que se encontrava do lado direito do Charlie Watts ) , mas mesmo assim foram os momentos mais despidos que me deixaram de sorriso de orelha a orelha : quando o Keith Richards ( que nem sei como ainda se aguenta em pé ) , depois de acabar de fumar o seu belo cigarro e de ser recebido com imensos aplausos vindos de todo o lado do estádio , cantou “You got the silver “ acompanhado pelo Ron Wood ( que guitarra mais bonita e que som ) , para que o Jagger recuperasse energias e quando parte do palco avançou da bancada norte para a bancada sul e ficaram os quatro Stones quase sós , sem grandes artificios cénicos ( apenas o plateau , os leds que o contornavam e os follow spots ) a interpretar aqueles temas que nos correm nas veias e que valem por si , sem realmente serem necessárias “big bands “ , tais como “Satisfaction “ e “ Honky Tonk Women”.
Tudo o mais , era “folclore” de grande nível – desde os músicos e cantores que os acompanhavam a todo o projecto de palco , luz , vídeo , pirotecnia , enfim... aquilo a que hoje uma banda como os Stones não se pode dar ao luxo de não ter . Mas eu só pensava , que bom bom , era vê-los aos quatro a tocar numa sala como o Coliseu. Assim , bem intimista , onde só há espaço para a canção e a interpretação.

A suas caras vincadas mostram que a idade não perdoa , mas a energia que emanam mostra bem que velhos são aqueles que o querem ser. É formidável a forma fisica do Jagger e como ele ainda se contorce todo . E não anda aos saltos , não senhor. O homem mexe o corpo como só ele sempre soube mexer.

E apesar de terem faltado alguns daqueles temas que eu gostaria de ter ouvido, como “ Angie” e “Under my thumb “ , apesar do som muito mau ( pelo menos onde eu estava ) , ADOREI o concerto.
Quanto ao Mário , delirou com todos os pormenores de palco , desde as explosões , à língua insuflável , às imagens projectadas nos écrãs. E gostou especialmente de ouvir o Jagger a falar em português, a quem respondia sempre com um "YES".

Não posso deixar de me referir à participação da Ana Moura no concerto , quase de improviso . Um momento importante para a sua carreira , sem dúvida , mas que pautou por uma certa falta de maturidade ( e a Ana que é uma querida que me desculpe ) , pois aquela entrada exuberante , de braços a acenar para o público , seria evitável . Entrar em palco com elegância e soltar a sua voz era tudo o que bastava para se fazer reconhecer , apesar do som estar imperceptível. Foi um pouco desastroso , mas a Ana não deixa de ser a primeira Artista portuguesa a cantar com os Rolling Stones e essa é a noticia que vai andar nas bocas do Mundo.

Já quase a sair do estádio , cruzámo-nos com o Nuno e o John que se prontificaram logo para me ajudar a ir à procura de um posto de venda de merchandising , pois o Mário queria uma t.shirt da língua ( que ele tanto curtiu durante o concerto ). Mas deixei-os ir à sua vida e foi com a Ju e o irmão que lá comprei a t.shirt para o rapaz , mas claro que a língua não era vermelha , mas verde . Muito gira :/
A fome apertava e a noite prolongou-se mais um pouco , numa marisqueira ali para os lados de Benfica , onde de repente apareceu o Carlos Gomes , também vindo do concerto e com quem me soube muito bem estar. Afinal , ele é um dos meus mestres , um dos pioneiros dos concertos de rock em Portugal e fundador de uma das primeiras e mais importantes empresas de espectáculos e de equipamentos em Portugal , a Concerto. Um homem cheio de histórias para contar ...

Soube-me bem sair , assistir a um concerto , estar com amigos. E hoje faltavam-me as forças até para falar , mas ... que se lixe !

"It's only rock'n roll , but I like it "




2 comentários:

Lídia Amorim disse...

adorei imenso, já os tinha visto em coimbra e tb tinha amado* desde esse concerto fiquei quase que viciada em Stones sempre que vou no carro, eheheh

Foi fenomenal! no inicio as lágrimas de tanta emoção e tanta gritaria até "me vieram aos olhos" mas depois foi só curtir!

bjitux

Pêndulo disse...

Ainda bem que te divertiste, Ana!

fui aos 2 ultimos...a este não deu para ir...mas, creio que para o ano haverá mais!!!!:-)))

um beijo... e até um destes dias (hehehe...tu em cima do palco...eu do lado de baixo, possivelmente na grade...)