quarta-feira, junho 13, 2007

“Encosta-te a mim “

Este é o regresso àquelas canções do Palma que vêm bem lá do fundo .
É muito mais que o single de apresentação do disco “Voo Nocturno”.
É uma canção “nossa” , dos encontros e desencontros de quem anda na “estrada” e entrega a sua vida à paixão pela música , pelos concertos e por toda aquela força mágica que nos move e nos leva sempre mais além ( até mesmo para além de nós próprios ).

Ouvia-a a primeira vez , despida de arranjos , na despedida inesperada do Rui.
Não sei se foi escrita para ele , mas naquele momento era a música do Palma para o Rui.
E naquele momento nenhum dos presentes conseguiu guardar para si o que lhe ia na alma , tal como o Jorge o terá feito quando a escreveu , expondo-se desta forma tão bonita.
A canção vale por si – os acordes e a letra – e pela forma como nos toca, pela forma como a entendemos , pela forma como nos revemos nela.

Esta é uma canção que celebra a amizade , da sua forma mais pura – aquela que resiste aos momentos menos cor de rosa , aquela que nos aceita pelo que somos.
“Encosta-te a mim “ não é um abraço , é apenas o que nos basta para nos sentirmos uns aos outros , para nos “dar e receber” com todas as nossas virtudes e defeitos.
É partilha.

O vídeo foi gravado na passada 2ª feira , no Museu da Água , perto de Santa Engrácia ( um espaço a visitar ) . Eu estive presente ( mesmo que só de manhã ) . Tive que estar presente. Pela Mafalda , pelo João , pelo Palma , pela Marta , por todos aqueles que devíamos abraçar todos os dias ( Lena e Rui já não foi possível ficar com vocês à tarde , mas estivemos juntos por tudo aquilo que nos une , como esta canção por exemplo ).

Encosta-te a mim
Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar.

Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.


Aproveito para partilhar esta fotografia do Jorge , de uma sessão feita pelo meu irmão Miguel , para a promoção do seu concerto no S.Luiz , em Novembro de 94.
Traz-me boas recordações :)

8 comentários:

pipa disse...

estou mesmo ansiosa para ouvir este disco!

obrigada ana por partilhares tanto de ti. tenho-te lido muito ultimamente, gosto desta "intimidade roubada". gosto de ti!

disse...

vou enconstar esta letrano meu blog. ahá muitacoisa que cai em tempo certo navida de cada um. esta canção, pelo menos hoje e agora, é tudo o que eu podia cair por ser do tamanho das minhas mãos para a receber. nem mais nem menos.

maria disse...

ouvi hoje pela primeira vez na rádio, que simples e que bonito!

Lídia Amorim disse...

linnndaaaa!

Pêndulo disse...

Este tema é muito bonito... há 2 semanas quase que me deixei "levar", no carro (ia a conduzir :/) pelo tema..e nesse dia em especial foi ao encontro de tanta coisa que se passava neste cabecita (acho que até deixei qq coisita no meu bloguito)...

o Palma quando quer, continua a ser "o Mestre"... e dia 2 nunca mais chega...

Maurette disse...

Ana, uma amiga acabou de me dizer que em teu blog havia um post sobre o Jorge. Estou muito sensibilizada com o que escreveste, eu que sou brasileira e vim pela primeira vez a Portugal agora em maio, mais para vê-lo do que pelos vários outros motivos. E tive o enorme prazer de descortinar esse grande ser humano para além da arte. Tuas palavras são lindas e sábias.
Abraço
Maurette

Maurette disse...

Ah, ia me esquecendo, não posso deixar de comentar a foto; sempre quis saber quem a tirou, porque há muito considero a melhor foto que o Jorge poderia ter na vida. Sempre pensei, "puxa, o cara que tirou essa foto é um génio, é o Jorge em seu melhor." Parabéns ao mano, pois.

Ana disse...

Maurette , o Jorge é daquelas pessoas especiais no meu coração e com quem trabalhei alguns intensos anos. É sem dúvida do signo gémeos ( " tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar " ). Neste momento ganha a sua alma de génio , aquela que consegue rever-se a si mesma. Só assim esta canção é possível e toca-nos tanto !
Já agora , o mano que tirou a fotografia é o Miguel , mas o fotógrafo é o Pedro Moitinho.
É sempre bom ter noticias desse lado do oceano. Vá aparecendo.
Um beijo
PS : E para vocês , amigas , também. Estou tão feliz com este retorno , àquelas canções do Palma das quais eu sempre falava...