sábado, março 10, 2007

A gala dos 50 anos da RTP

Quarta-feira dei por mim a partilhar um outro sofá , o de casa da minha mãe , com ela e o meu filho , ligados na RTP 1 , à gala dos 50 anos desta . E fui ficando até ao fim , mas já não para a festa pós gala , pois já era tarde e entretanto a neura instalara-se.

Há muito tempo que não via uma gala televisiva . E ainda por cima com momentos de emoção pura. Momentos esses que só são possíveis porque , quer queiramos quer não , a RTP tem 50 anos de história , para além de ser a escola de formação de tantos profissionais da Comunicação Social , das Artes e da Técnica. A RTP tem no seu arquivo tantas daquelas memórias que pensamos perdidas! No meu caso , revi e ouvi neste programa tantas imagens e músicas que julgava esquecidas , mas que afinal estão ainda bem presentes na minha memória . E foi até mais esse trabalho de pesquisa de arquivo que me fez ficar ligada à televisão , ao programa ( e sim , adorei ver o Artur Agostinho ).
Ainda hoje ao jantar aqui na Póvoa , comentava que logo após o 25 de Abril , vi documentários sobre os prisioneiros politicos , na RTP , que me marcaram profundamente e que creio tratarem-se de trabalhos de jornalismo que nunca mais voltaram a passar na televisão em Portugal.Nessa altura já a RTP tinha quase 20 anos e já muitos passos tinham sido dados por homens e mulheres que se envolveram em 1957 num projecto , num trabalho completamente novo , que foi sendo desenvolvido em paralelo com a sua formação nesta área. E mais importante, foram os conhecimentos e a humanidade que souberam transmitir a tantos profissionais de hoje da nossa praça.
Nos últimos anos , a RTP andou um pouco de cabeça perdida com a concorrência , perdendo o seu rumo de serviço público , que agora parece estar a retomar. Vamos lá ver se o festival da canção que me parece ser este fim de semana não vem contrariar tudo isso ( bastou a vergonha do ano passado ).

Mas voltando à gala. É claro que não pude ver a gala como mera espectadora e confesso que fiquei paralisada com o momento do suposto dueto entre o Tony de Matos e o Rui Rei.
Algo de muito estranho se passava e o telefone não parava de tocar com comentários menos agradáveis sobre a sua prestação. Eu sabia que ele não estava atrasado e sabia também que não podia ter enlouquecido de um momento para o outro. Por fim , o telefone parou e tudo aquilo passou sem eu conseguir contacto com quem estava no Coliseu , mas ao mesmo tempo fez-se luz : só pode ter sido um erro da produção ! Poucos minutos depois tive a confirmação que assim foi.
O referido dueto era suposto acontecer após um intervalo de 10 minutos , que foi decidido no momento não se fazer e por falta de comunicação entre elementos da produção , o Rui estava naquele momento a ser tranquilamente maquilhado , conforme instruções da própria equipa de produção. Foi preciso tempo para o descobrirem e num ambiente completamente alucinado atiraram com o homem para o palco , como quem atira carne aos leões. Não entendo como foi possível "arrancar" com o tema sem o cantor pronto a entrar em palco e porque razão não foi pedido aos apresentadores que empatassem ali a coisa. Eu como estava de fora, fácilmente comentei : "se eu estivesse aí o Rui nem tinha entrado em palco " . É claro que para quem está de fora é fácil falar. Estar no local e ser pressionado por uma equipa de gente em stress total é outra.
No final , as responsabilidades foram assumidas ( e hoje, ou melhor 6ª feira , publicamente no Correio da Manhã ) e as desculpas que se impunham foram feitas.
Este é um dos riscos dos directos . Não tem explicação , mas acontece. Só foi galo ser logo com o Rui , que tinha passado a semana inteira a trabalhar o dueto com imenso entusiasmo.

A brincar , a brincar , com a nervoseira toda que isto me provocou , devorei uma caixa de "marrons glacées", daquelas coisas maravilhosas que a minha descobre de quando em quando.
A coisa não me saiu cara . Saí foi de casa da minha mãe com umas valentes gramas a mais :(

Sem comentários: