As minhas águas de Março

E o mês de Março começa logo com duas datas que marcam o nascimento de dois homens incontornáveis na minha vida.

Dia 1 , o de uma alma gémea , do mesmo signo chinês que eu , o cavalo , só que 12 anos mais velho que eu. E também um elemento de água. Aquele amor impossível e que , talvez por isso , será um amor eterno. Uma história daquelas que só se vive uma vez na vida , mas que passados 20 anos tive o privilégio de a voltar a viver , com a mesma intensidade e entrega . Um momento que me senti no direito de viver.
“... quando ainda me desarma a tua companhia e tudo o que a vida faz em mim.”

Dia 2 , o meu pai faria 95 anos . Era dia de ir ter com ele à Arrábida , mas não sei porque razão , uma força maior tentou a todo o custo impedir-me de o fazer .
Primeiro , esperei com o Mário 45 minutos pela minha mãe na estação de comboios do Pragal , já depois da consulta de ortopedia com o irmão do João. Daí , o caminho a seguir seria em direcção a Setúbal , mas na rotunda sul de Almada desorientei-me e meti-me para a ponte de regresso a Lisboa ! Saí para Alcântara , para daí voltar para a ponte em direcção a Almada. A bicha era imensa , seriam cerca das 18h . E no pára arranca , pára arranca , o meu twingo , começou a aquecer , acendendo a luz a avisar que era preciso parar ( pela primeira vez ao fim destes anos todos ) ! Finalmente consegui chegar ao posto de gasolina antes do Fogueteiro e colocar água no depósito devido , que há muito a devia estar a reclamar . Prosseguimos , seguindo o caminho para o Portinho da Arrábida , via Azeitão. O trânsito estava de loucos e já em Azeitão este estava totalmente parado. Meti por um atalho e lá consegui meter-me a caminho do nosso destino , sem mais entraves.
Chegámos ao Portinho , já cerca das 20h . Nem viva alma se avistava. Apenas o mar e a lua cheia a brilhar sobre ele.
E o meu pai , algures por ali a desfrutar do sossego que sempre reclamou “ só não quero que me chateiem “. E ali ninguém o chateia decerto . E ali conseguimos sentir uma energia boa , quase como aquele abraço que tanto precisamos e sentimos tanta falta.