segunda-feira, janeiro 16, 2006

Faz hoje um ano...

... que pessoas muito especiais partilharam comigo a dor da partida do meu pai.
Sempre tive consciência que , pela idade do meu pai , ele me iria deixar mais cedo do que é comum um pai deixar um filho. Ao longo de todos estes anos , pensava eu que me estava a preparar para esse momento , mas é mentira. Nunca se está preparado ! É um vazio enorme , um pedaço de nós que nos é arrancado abruptamente e por muito que se saiba que o momento está mesmo a chegar , a dor é incontrolável.
Eu estava nos Açores , em S.Miguel , no Teatro Micaelense a começar o ensaio com a Mafalda Veiga , que actuava nessa noite , no âmbito dos concertos íntimos , promovidos por uma pessoa que adorei conhecer , o Tózé Nobre, o meu mais recente amigo.
Já há dois dias que andava pelas ilhas e sobre mim pairava uma tristeza e uma ansiedade inexplicável. Nunca pensei não voltar a falar com o meu pai... mas talvez o soubesse sem querer saber ...
Nessa noite , o concerto aconteceu sem mim , mas para mim , pois senti o que podia ser aquele concerto acústico , ainda mais íntimo e sentido do que o habitual. Sei que assim foi , amigos.
Consegui chegar a Lisboa já pouco depois da meia-noite , para poder estar junto à minha mãe , à minha grande mãe ... ela recebeu o seu terno sorriso e sentiu o seu último suspiro ...
Sei que ele está em paz e está em nós , sempre.
Nunca é demais falar dele . Nunca é demais recordá-lo. Nunca é demais tê-lo aqui.

Aos companheiros desse dia e de todos os outros dias seguintes, em especial ao Luis , que partilharam da minha dor , só vos posso dizer que , à minha maneira , não vou esquecer nunca a vossa cumplicidade.

Para ti , pai , a SAUDADE MAIOR.


Foto de João Francisco Vilhena , in nº11 da Revista Tabacaria - Primavera 2003

5 comentários:

janica disse...

Querida Ana,
a tua força e orgulho de reviver o teu Pai é mesmo, mesmo comovente :)

há um ano estava contigo nos Açores e, sim, foi um concerto ainda mais íntimo que o costume...

beijinho grande!

Unknown disse...

Quando soube estava longe... custou-me não poder estar perto e não te dar um abraço! Passado uma semana sem saberes bem como apareceste em Salamanca para um bocadinho... Um café e um passeio com aquele frio que congela o nariz! Gosto tanto tanto de ti!

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Helena disse...

queridinha, devias pôr aí o nome do teu papi ;)***

e podias desactivar a caixa da "word verification"... :]

Maggs disse...

sempre me fascinei pelas estradas de letras, pela escrita e pelos poetas. pelos homens de h maior, pelas estórias. pelas estórias. ouvir-te, a contar as do teu Pai, é uma mão cheia de privilégio. obrigada, Aninhas, por seres tão especial.