quinta-feira, janeiro 25, 2007

SIMONE , Março 1986

Ainda não havia três meses que eu estava a trabalhar na Ai Música ! ( empresa de produção de espectáculos , cujos sócios eram o Carlos Gomes e o José Nuno Martins ) e vi-me envolvida na produção dos concertos da SIMONE ( brasileira ) nos Coliseus de Lisboa e do Porto.
Na altura , o seu disco ( Cristal ) era um sucesso em Portugal , pelo que as datas inicialmente agendadas esgotaram muito rapidamente e lembro-me que fizémos outros tantos concertos extra . Ao todo terão sido entre 10 a 12 espectáculos na cidade de Lisboa e do Porto.
Eu até não gostava muito da música da Simone , mas tinha-me sido atribuído o papel de assistente de produção ( o que para quem começa nestas lides , significa dizer pau para toda a obra ) e assumiu-o com todo o empenho.

Recordo-me que logo no primeiro dia no Coliseu de Lisboa tive que socorrer o Roberto , técnico de luzes , que estava cheio de febre e com vontade de voltar para o Brasil e fui suficientemente convincente para que ficasse . Mas , o que me marcou de facto nesse primeiro dia foi conhecer pessoalmente o guitarrista Nathan Marques, cujo nome eu conhecia de cor de um disco ao vivo , que ouvia vezes sem conta , da Elis Regina. Acho que lhe dei uma valente seca , mas ele não se importou ( digo eu).
Passado o primeiro impacto, estive sempre lá para o que desse e viesse e em pouco tempo passei a ser a mascote ( não tinha ainda 20 anos ) daquela equipa maravilhosa , com quem vivi cada minuto daqueles 15 dias.
Houve tempo para muito trabalho , houve tempo para muito passeio ( bela tarde em Sintra e sempre na companhia do Tomás e do Vasco ) , houve tempo para muitas loucuras à noite ( sobretudo a noitada na Torre de Belém com o Tózé ) , houve tempo para grandes patuscadas ( em especial a do bacalhau com natas em casa dos meus pais , onde aprendi a fazer caiprinhas com o Nathan ) , houve tempo para muito abraço e risada , houve tempo.

Não me vou esquecer nunca desses momentos com o Nathan ( paizão ) , o Cristóvao , o Jorjão ( e a sua Rita que conheci mais tarde no Rio ), o Picolé ( onde estiveres , um abraço ) , o Clodoaldo ( a minha paixão platónica daqueles dias , não foi fácil...) , o Rosenblit , o Ricardo ( Leão de Goiânia ) , o Roberto ( valeu a pena ficares ), o Gabriel , a Marilia ( adorei o jantar em tua casa ) ...
Foi dificil vê-los partir. Mais dificil foi ficar sem a sua companhia. Os dias que se seguiram estavam cheios de vazio.

Não fiquei a gostar da Simone . Também não fiquei a não gostar. Pouco contactei com ela. Uma coisa é certa, gostei muito do espectáculo que veio apresentar, acompanhada por músicos excepcionais, dirigidos pelo Maestro Cristóvão Bastos. Foram noites de grande emoção e cada concerto tinha a sua magia. Eu adorava estar na plateia, cúmplice dos músicos :)

Há coisa de 3 verões atrás tive oportunidade de rever parte de um dos concertos na RTP . É claro que tudo aquilo na altura era uma grande produção , mas quase vinte anos mais tarde achei piada e nem queria acreditar que era mesmo assim. No entanto, quase 20 anos mais tarde, foi impossível não ter a lágrima ao canto do olho ao ouvir aquela mulher a cantar e a voltar a emocionar-me como há quase vinte anos atrás.

Foram dias irrepetíveis , daqueles que me vão dar sempre alento para superar períodos em que não consigo tirar proveito da vida, como agora.






Fotos de Nisa Falcão ( tenho saudades tuas, da Maria , da Telma , do Mário Jorge... )

2 comentários:

Anónimo disse...

Nesta época estava eu em grande nas lides da dança... mas estive lá no coliseu a ver a Simone... e mesmo sem estar envolvida na produção foi emocionante!
Que saudades dos 20 aninhos...

Anónimo disse...

Não resisto a "comentar" de novo...
Talvez porque te conheço há pouco e aquilo que conheço e que me marcou profundamente foi a tua energia muito muito positiva, mesmo com algumas barbáries que por aqui se passaram... sempre a olhares para o nosso lado bom e belo e sempre com uma palavra de carinho para dizer... depois de tudo isto não podia deixar de tentar dar-te algum alento para este momento de vida que não consegues aproveitar... que guardes aquilo que deixas nos outros e que nos leva constantemente a procurar-te... nem que seja aqui no teu cantinho do blogger... beijinhos